Quando eu tinha 17…
Quando eu tinha 17 anos vivia sempre com a expectativa de como seria minha vida após completar 18 anos. Poder entrar no baile na balada sem medo de ser barrado, poder tirar carteira de habilitação, enfim, me tornar adulto.
E chegou o grande dia. Calhou de cair em um sábado. Acordei, tomei meu café com leite e comi um pão com manteiga (isso é chute, mas como fazia isso todo dia, não teria porque ser diferente). Não lembro o que fiz até umas 3 da tarde, mas lembro de ver meu pai mexendo em uma churrasqueira, acho que ia assar carne. Avisei que iria pra casa do meu Primo que morava no Morro do São Bento. Fui, não lembro se a pé ou de ônibus.
Em algum momento decidimos ir até uma praça que fica em frente a uma escola e também tem um posto da polícia. Durante a conversa surgiu algo a respeito de idade e só então me toquei que naquele dia eu estava fazendo 18 anos.
Sempre fui desligado pra essas coisas, mas esquecer o próprio aniversário de 18 anos não deve ser comum. Pode ter sido pela minha criação, mas o mais provável era devido a vida que eu tinha, de idéias e expectativas limitadas que faziam com que itens puramente fantasiosos ou que exigiam um toque de glamour fossem deixados de lado como coisas menores ou sem importância. Afinal, era só mais uma volta completada em torno do sol neste imenso planeta de bilhões de seres humanos. Que importância tinha isso?
Naquela mesma noite, me dei conta de um fato. Aquele churrasco que meu pai estava fazendo poderia muito bem ser um evento de comemoração do meu aniversário de 18 anos. E se realmente era, talvez eu o tenha magoado e por isso ele não me disse “Parabéns”. Como nunca perguntei, nunca terei essa resposta. A essa altura, se ele pode ouvir (como alguns acreditam) já está sabendo porque não quis ficar em casa.
Hoje, mais uma vez me sinto um pouco frustrado. Minha filha faz 18 anos e não darei um presente a altura do evento (Quem mandou nascer entre o Natal e o Ano Novo??).
Tenho muitas lembranças de cada um desses 18 anos. Me emocionei muito com ela, me surpreendi, fiquei diversas vezes orgulhoso e outras vezes decepcionado do jeito que tem que ser mesmo.
A única coisa que posso fazer neste momento é lhe dizer que a amo muito e que desejo um dia de aniversário muito feliz e se tudo der certo, conseguirei fazer isso pessoalmente.
Um grande beijo Nataly P Regis, e saiba que te amo muito. Papai.